Enterrados no Jardim
Diogo Vaz Pinto e Fernando Ramalho à conversa, leve ou mais pesarosamente, fundidos na bruma da época, dançando com fantasmas e aparições no nevoeiro sem fim que nos cerca, tentando caçar essas ideias brilhantes que cintilam no escuro, ou descobrir a origem do odor a cadáver adiado, aquela tensão que subtilmente conduz ao silêncio, a censura que persiste neste ambiente que, afinal, continua a sua experiência para instilar em nós o medo puro. Vamos desenterrar, perfumar e puxar para o baile os nossos amigos enterrados no jardim, e deixar as covas abertas para empurrar lá para dentro aqueles que só aí andam a causar pavor e fazer da vida uma austera, apagada e vil tristeza.
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Monday Apr 10, 2023
Monday Apr 10, 2023
Que raio nos tocou e fez de nós estes monstros insones? Seja como for, teimamos na ideia de que não somos ainda um caso perdido. E uma e outra vez voltamos à carga. Recomeçamos, não nos rendemos. Façamos, então, as apresentações, as primeiras ameaças, vamos lá embrenhar-nos no bosque. Ao nosso redor temos montes de livros, migalhas de cultura e de beleza a juncar o chão como espigas calcadas após a passagem de um brutal furacão. Estando tudo de pantanas, é de esperar ao menos que chegue o dia em que os mortos e os vivos troquem de lugar. Até lá, contamos coisas ao vento e a quem mais por aí possa andar desperto.